quinta-feira, 16 de maio de 2013

Caos


Por muitos anos eu procurei sair desse caos
Que entrei ainda quando era criança
E depois de tentativas falhas
Desiste até de criar essa esperança

Desde que me entendo por gente
Me sinto sozinho e deslocado
Não há lugar em que eu me sinta bem
Por que nesse mundo fui lançado

Não reclamo dos meus pais pois seria injusto
Eu sei que eles me ensinaram  o segredo
De ser uma pessoa humilde e digna
Mas eu criei meu próprio enredo

O meu ódio é uma fonte inesgotável
Pelo mundo que me cerca e pelos vermes que me sugam
Esse ódio queima minha pele e congela meu coração
A noite passa e meus demônios madrugam

Ninguém esteve comigo quando precisei
Protegi minha família das minhas lamentações
Mas o mundo te da as costas quando você não sorri
E Deus não me deu meus quinhões

Quando criança brincava sozinho
Já desenhava meu mundo no papel
Mas quem é que se importa?
O fato é que eu já experimentara o fel

Comecei a me expressar através das tintas
Mas tudo que eu fiz nos últimos anos virou poeira
Minhas telas apodreceram no tempo
Mas naquela época limpei da minha alma parte da sujeira

Essa sujeira que impregna minha essência
E assim segui à compor, escrever e a pintar
Jogando pra fora todo sofrimento que eu sentia
E naquele momento em que criava era hora de eu vomitar

Os amores vieram em forma de rejeição
Por que eu era diferente, diziam que eu estava à frente
Minha mente não parava um minuto
Meus relacionamentos terminavam catastroficamente

Os que duraram me deixaram marcas que agora já apaguei
E já não fazem diferença pois não tenho mais amor
Depois de tudo que aconteceu
Como poderia novamente seguir sem rancor?

Agora tudo que tenho são as malditas solicitações do mundo
Que cumpro para poder continuar
Na busca de uma cura que eu nem sei se existe
Sigo na minha odisseia cega à deriva em alto mar

Poderia escrever mil paginas e contar em detalhes
Mas quem lê nunca vai sentir o que eu senti
Mesmo se arrancasse meus olhos e colocasse no lugar dos teus
Não sentiria metade de todas as vezes que eu morri

Na verdade não é uma resposta que estou escrevendo
O que me fez escrever foi  mostrar como esse caos se instalou
Solidão, arte, sofrimento, rejeição, brigas, ódio
E ainda alguns me perguntam como o amor acabou?

Como encontrar uma saída nesse labirinto que criei ?
Todas as vezes levo as flechadas no meu flanco
Caio e me quebro no desfiladeiro
Não aguento mais isso, contigo  estou sendo franco

Um dia quem sabe eu encontre um pouco de paz
Só leve a lembrança,cicatriz e ferida
E possa trilhar o meu caminho
Mas eu tenho que te agradecer querida

Pois em todos esses anos da minha existência
Todos que não me entendiam se afastavam ou queriam me mudar
Mas você quis saber por que eu sou assim
E isso fez a minha caixa de pandora abrir e um novo “Eu” despertar

Obrigado 


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