terça-feira, 11 de dezembro de 2018

O escritor

A morte estava sentada na poltrona lendo avidamente o livro em suas mãos, por vezes ria, mas na maioria do tempo mantinha um semblante sério e reflexivo.
No final da tarde sua leitura foi interrompida pelo som da porta.
Ele entrou em casa com a cabeça baixa e a olhou rapidamente, tentou esconder seu espanto, depois da constatação seguiu seu ritual de esvaziar os bolsos colocando a carteira e as chaves na mesa.
- Bem, você já percebeu quem eu sou
- Sim…
- E não te revolta ir hoje? Não vai argumentar? Nem chorar? Enquanto esperava eu li seu livro você ainda poderia fazer muito sucesso com ele, achei incrível, mas isso não irá influenciar no meu, digamos, trabalho…
- Eu imaginei que não mesmo, e sobre o sucesso eu realmente não ligo
- Por que não ?
- Resumidamente: eu fiz minha parte e escrevi… eles não leram, então azar deles

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Sobre a música


Produzir música sempre foi uma experiência extraordinária para mim, desde os 10 anos eu escrevo. Compor me fazia sentir realmente vivo.
Agora nesse momento estou parado, não componho, não pinto mais quadros, nem faço mais rascunhos. Isso por uma grande insatisfação em relação a minha jornada com a banda que eu tinha, com meus amigos e com o público em geral. Agora sinto um imenso vazio e algo que nunca senti antes em relação a música: Não quero compor.
Simplesmente não sinto nenhuma vontade de compor para que alguém, ou somente eu, escute.
Meu quarto é uma grande cidade destruída por essa guerra.
Quando a poeira abaixou não pude ver mais meu sonho-estrela brilhante ao centro, vi apenas madeiras, plásticos, ferros e cordas!