segunda-feira, 27 de maio de 2013

Cicatriz

Quando te vejo sinto náusea
Por tudo que passou
Por tudo que se foi
E pelo o que o destino preparou

O destino é só uma desculpa
Pois fizemos nossas opções
A bifurcação no caminho
Fez-me perder todas as razões

A tua indiferença hoje me é indiferente
O tempo passou e vai passar
Mas ainda há aquele aperto

E sei que te odeio por te amar


terça-feira, 21 de maio de 2013

O Sagrado Delito


Atravesso a madrugada perdido em pensamentos
No silencio absoluto que guarda o meu grito
Vejo a minha vida na escuridão que fito
 Se entrelaçando nesse conflito
Com a ilusão de melhorar

Mas melhorar do que? Eu lamento
Tento colocar nesse manuscrito
Por que assim eu também reflito
Sobre o que realmente eu necessito
Mas em vão eu me empenho em procurar

Meu coração descompassado em seu batimento
A procura do sagrado delito
Na espera permaneço aflito
Essa espera dura o infinito
Mas um dia ela vai terminar

Então poderei amar novamente
E sorrirei ao saber que ela sempre me procurou
Poderei viver esse romance intensamente
E amar como ninguém jamais amou


domingo, 19 de maio de 2013

3 Amigos


Vários anos se passaram
Muitos momentos bons
e uma centena de momentos ruins
Mas  o que é mais triste é que a vida tenha nos separado

Ainda lembro das nossas besteiras
Dos finais de semana de bebedeiras
E de conversas sobre a todas as coisas
Faz mais de 6 anos mas parece que foi domingo passado

Nós três brigando por um assunto qualquer
Por ideologia, trabalho ou mulher
Sempre andávamos em círculos nisso
E por mais que estivéssemos certos pro mundo sempre parecíamos  errados

E a vida seguiu assim meus amigos
Isso é apenas um introito
Mas ainda fico ébrio na sessão 8
Sozinho lembro de tudo, será que ainda sou um degenerado?

A bifurcação apareceu e a gente fingiu que não viu
Cada um foi por um caminho
Segui o meu sozinho
Mas já me acostumei , não me sinto desamparado

Espero que vocês estejam bem
E que possamos nos encontrar
Pra conversamos como antes
E como sempre eu dizer que da vida estou enfarado

Mas deixo aqui minhas palavras
Pois sempre seremos os três amigos
Não importa quanto tempo passe
Por que eu sei que não nos vemos mais como antes, nós sempre estaremos lado a lado





quinta-feira, 16 de maio de 2013

Caos


Por muitos anos eu procurei sair desse caos
Que entrei ainda quando era criança
E depois de tentativas falhas
Desiste até de criar essa esperança

Desde que me entendo por gente
Me sinto sozinho e deslocado
Não há lugar em que eu me sinta bem
Por que nesse mundo fui lançado

Não reclamo dos meus pais pois seria injusto
Eu sei que eles me ensinaram  o segredo
De ser uma pessoa humilde e digna
Mas eu criei meu próprio enredo

O meu ódio é uma fonte inesgotável
Pelo mundo que me cerca e pelos vermes que me sugam
Esse ódio queima minha pele e congela meu coração
A noite passa e meus demônios madrugam

Ninguém esteve comigo quando precisei
Protegi minha família das minhas lamentações
Mas o mundo te da as costas quando você não sorri
E Deus não me deu meus quinhões

Quando criança brincava sozinho
Já desenhava meu mundo no papel
Mas quem é que se importa?
O fato é que eu já experimentara o fel

Comecei a me expressar através das tintas
Mas tudo que eu fiz nos últimos anos virou poeira
Minhas telas apodreceram no tempo
Mas naquela época limpei da minha alma parte da sujeira

Essa sujeira que impregna minha essência
E assim segui à compor, escrever e a pintar
Jogando pra fora todo sofrimento que eu sentia
E naquele momento em que criava era hora de eu vomitar

Os amores vieram em forma de rejeição
Por que eu era diferente, diziam que eu estava à frente
Minha mente não parava um minuto
Meus relacionamentos terminavam catastroficamente

Os que duraram me deixaram marcas que agora já apaguei
E já não fazem diferença pois não tenho mais amor
Depois de tudo que aconteceu
Como poderia novamente seguir sem rancor?

Agora tudo que tenho são as malditas solicitações do mundo
Que cumpro para poder continuar
Na busca de uma cura que eu nem sei se existe
Sigo na minha odisseia cega à deriva em alto mar

Poderia escrever mil paginas e contar em detalhes
Mas quem lê nunca vai sentir o que eu senti
Mesmo se arrancasse meus olhos e colocasse no lugar dos teus
Não sentiria metade de todas as vezes que eu morri

Na verdade não é uma resposta que estou escrevendo
O que me fez escrever foi  mostrar como esse caos se instalou
Solidão, arte, sofrimento, rejeição, brigas, ódio
E ainda alguns me perguntam como o amor acabou?

Como encontrar uma saída nesse labirinto que criei ?
Todas as vezes levo as flechadas no meu flanco
Caio e me quebro no desfiladeiro
Não aguento mais isso, contigo  estou sendo franco

Um dia quem sabe eu encontre um pouco de paz
Só leve a lembrança,cicatriz e ferida
E possa trilhar o meu caminho
Mas eu tenho que te agradecer querida

Pois em todos esses anos da minha existência
Todos que não me entendiam se afastavam ou queriam me mudar
Mas você quis saber por que eu sou assim
E isso fez a minha caixa de pandora abrir e um novo “Eu” despertar

Obrigado 


segunda-feira, 13 de maio de 2013

O Pássaro


Eu quero voar pra fora dessa gaiola feita de tempo e espaço
Eu questiono toda a existência
À procura da verdadeira essência
Para beber de sua magnificência

O voo fica cada vez mais  obscuro
Desvio da fé, do amor e dos muros
Perdido no meu abismo vejo me no escuro

Será a liberdade uma ilusão ?
Minha sanidade uma criação?
Já traçaram a minha rota de colisão?

Acho que é esse o sentido da vida
Ver o sangue escorrer das feridas
Sendo um pássaro em terra de avicidas





sexta-feira, 10 de maio de 2013

Por que poesia?


Vou incumbido de um tortuoso e belo trabalho
Não sei se por acaso ou por sina
Tornar em versos o que sinto
Organizando amor ou ódio em rima

Isso nunca me abandona
Por mais normal que o dia possa parecer
Vejo o que se esconde entre o caos
E quando chega a noite preciso escrever

Mesmo que seja uma linha
Aquela ideia que surgiu de repente
No ponto do ônibus, ou na pausa do café
E que durante o dia perturbou a minha mente

Depois que toma forma a compartilho
Pois ela já não é mais minha
Ela voa para ganhar outros sentidos
Outros sentimentos que nela não tinha

E depois de uma noite mal dormida
Volto novamente à labuta
Vejo o raiar de outro dia
E com aquela sensação de trabalho feito
Espero a próxima inspiração
E você ainda me pergunta por que preciso de poesia?

terça-feira, 7 de maio de 2013

Aquele entardecer

Então eu percebi
Que não haviam razões
Que não havia volta
Que não haviam perdões
Só restou a revolta

Então eu entendi
Que era pra ser assim
Por que eramos nós
Depois do fim
Não lembro a sua voz

Então aprendi
Que foi o que era pra ser
Que a história se findou
Naquele entardecer
Como o dente-de-leão que você soprou

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Colóquio


― Admita!
― Não, é ilusão.
― Por quanto tempo ficará assim?
― Não sei, não me faça esse tipo de pergunta, não hoje. Estou muito cansado pra pensar sobre esse assunto...
― Não, vou insistir até que me deixe entrar... Afinal por que me expulsou? Não fiz nada pra você deixar de acreditar em mim!
― Mas outras tantas fizeram, e hoje não quero ouvir falar em você, nem escrevo mais... não te darei mais versos ! nem sequer uma linha! Não abrirei a porta
― Pare de racionalizar tudo, você está só e fica remoendo coisas que já passaram. Escute-me e liberte-se dessa prisão que você mesmo criou. Eu sou o sentido que falta na sua vida, aquilo que você vem procurando mas não consegue admitir, desista desse orgulho e poderá ser feliz de novo.
― A felicidade já não me importa, vivo bem assim. Volte daqui a alguns anos e quem sabe eu queira te ouvir
― Ok... entendo teu sofrer. Amanhã eu volto...

E assim seguiu durante anos o diálogo entre o Amor e o Poeta que não amava





sábado, 4 de maio de 2013

Inspiração


Cá estou, inteiro na minha incompletude
Sentindo escorrer pelos meus dedos
Os dias perdidos da minha juventude
De memórias confusas e medos

Não há amor, deu errado nosso plano
Na tarde vazia de anos atrás, eu lamento
Nas teclas velhas do meu piano
Está tudo escrito na música que não invento

Ela não quer sair de mim
Mesmo que eu tente
Todo acorde soa ruim
No caos da minha mente

E assim as horas queimam
O sol se cansa e se põe
E ainda meus dedos teimam
À procura das notas que não se compõe

Assim a madrugada me abraça
Atravesso a rua às 4 horas
E esqueço daquela caça
Pela música de outrora

O dia vai amanhecendo
Entre a neblina fria
Escuto na minha mente, através do vento
Assim de repente
A minha mais nova melodia





quarta-feira, 1 de maio de 2013

A Jornada Essencial


Amo teu espectro e os pensamentos que nele nascem
Através da janela te vejo desenhada em palavras
Entre sombras e luz, visceral e crua
pois te enxergo mais do que quem te ver passar pela rua

Odeio tua ausência e o vazio que ela traz
Através dos meus olhos vejo nossa fusão
Entre filosofia, teorias, dialética e pensamentos 
pois me enxerga além do meu dilacerante sofrimento

E tua alma presa como pássaro na gaiola 
Espera o passar do tempo, das horas
Pra poder arrancar as raízes ilusórias 
Que tentaram implantar na sua mente 

Mas não há fronteiras para os seus sonhos 
Que hoje é combustível, amanhã explosão
O mundo fica pequeno nos terremotos do teu coração
Pois o segredo do caminho é sempre seguir em frente

E andará por todas essas trilhas 
De leste à oeste
Nos quatro cantos do mundo 
Do sol nascente ao anoitecer
E depois de ter colocado milhas e milhas sob seus pés
Entenderá nessa aventura 
Que buscou por tanto tempo aquela cura 
E ela esteve sempre dentro de você