domingo, 21 de abril de 2013

Espelhos


Em um quarto de espelhos não reconheço as sete faces refletidas
Não há lágrimas nos meus olhos nem escorre sangue das feridas
Nos corredores escuros desse labirinto sem saída
No qual fui lançado sem saber a razão

Acho que procurar um sentido sobre tudo é o que nos resta
Vivendo essa dor fingindo que é uma festa
Mas nesse quebra cabeça sempre falta uma peça
Que não tenho na minha mão

Há uma luz que no final do túnel vem
Mas não é a salvação, é só mais um trem
Que vem veloz pra me atropelar também
Saio dos trilhos antes da colisão

Caindo de cabeça na minha insanidade
Perdido nas ruas vazias da cidade
Sem nome, sem destino, sem idade
Percebo que é tudo uma ilusão

Acabei me tornando um produto frio exercendo meu dever
Me matando todos os dias para poder sobreviver
Com esses parasitas no pescoço sugando minha vida
Acabando com meu sangue, embaçando minha perspetiva
Sempre querendo mais e mais
Roubando o que eu batalhei pra conseguir
Mas eu vou mata-los dentro de mim para alcançar minha paz
E quem sabe um dia realmente poder verdadeiramente sorrir
Olhando no espelho e reconhecendo quem é projetado
Me identificando sem temer ser rejeitado
Mesmo que apenas uma das sete faces...

Mas oque faço é quebrar com socos todos os espelhos, reduzindo aos pedaços
Há sangue nos meus punhos, as gotas caem no chão, não vejo mais refletido meus traços
E quebro todos espelhos com as mão nuas
Arrombo a porta desse maldito quarto
Saio de lá como que em um novo parto
E desapareço na madrugada por entre as ruas



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